terça-feira, 9 de dezembro de 2008

monólogo do papel crepom

Tu devias relevar os meus impulsos, meu amor.
Eu furtiva não funciono. Sempre me dôo mais do que prometo;
Me desgasto e quase te esqueço quando sinto outros cheiros e outras mãos, me perdoando logo em seguida quando percebo que nessas horas é tu que não te lembras de mim.
(A culpa é tua!)
Há meses grito com o espelho do banheiro palavras de boca machucada de frio; Rasgo os meus verbos, meu versos, meus lábios, pra ver se te enxergo de olhos fechados, costurando minhas feridas com um esforço suave, apesar de cálido, como num blues de pesar, de se abraçar às pernas. (As palavras são tuas!)
Os homens tem cheiro de homens, mas eu só penso no teu cheiro de céu, que se acostumou tão bem à minha pele que de vez em quando me acarinha os pontos, passeando equilibrado, como tu fazia antes pelas minhas linhas. (A culpa é tão minha...)
Eu sou tão nova e poderia me criar, mas não quero.
Tu podias tanto relevar...
Já faz um ano que tu moras no meu ego, no meu fôlego, nos meus dedos e poros.
Então vai, troca as cores dos teus lençóis, enxuga as suas mãos bonitas, me toca um verso de uma nota só...

...Dezembro é ainda primavera, meu amor.

Um comentário:

Unknown disse...

"Eu sou tão nova e poderia me criar, mas não quero."

Me bastaria. Lindo!