quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

preliminar.


O teu sim passeia no meu não salgado:
Virou candura.
Tropeça na garganta ávida,
Risca a voz, atropela o pranto
É limiar e paciente, e ensaiado e sorrateiro
Mas repetiu-se tanto
Que logo virou refrão.
Assombrou e embaraçou
Os fios da minha voz gelada
Calejada, que no escuro
Confundiu-se muda em vão.
Agora em mim teu sim espalha
Comove-me por minuto,
Depois pérfido e astuto,
Contradiz-me e condena
Que o positivismo ralo
De tão frágil é fantasia.
Por isso, pro meu destino,
Decido por fim o não.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

quatro e trinta e oito.

Eu escrevo agora, em linhas de dedos volúveis. Escrevo insólita, quase crespa, ciumenta dos meus próprios anseios, já que de ímpeto não me servem mais...
Provenho agora com circunstâncias frívolas, das quais não me dignifico nem me separo, por que são de viés, de revés, de pena.
De mim toda quase toma ósculo latente, abraço semi-dado, carinho nada oculto e por isso fica, já que parte o meu pranto em meio, lábio doutro, choro ambos, tão serventes e tão prontos aos meus dedos de torpor.
Quando passa, finjo que nada e de nada gratifico, já que o sal das minhas lágrimas ainda me saciam. E é nesse momento que vejo o reflexo brusco da menina marcada de azul que ainda lastima a falta de um antes sol que virou nuvem escura, quase chuva-tempestade.
Sabe? É que cansa o quase-amor.
Cansa, quando as palavras massantes compensam as ternuras ocultas e ingênuas, que de tão inocentes deslizam sonoras e se dissipam nos meus gritos surdos.
E a tua ganância pruriginosa ainda me cala, me incomoda, mas retém, por isso fujo entre cobertores e líquidos vorazes, que me submergem de rancor e sono.
E adormeço.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

cinzeiro.

Afasta de mim tuas mãos tão rijas de dedos tesos que já não fremem mais, indecisos, inertes,
saudosos dos tempos de confins.
Deixei lá tua boca, que ainda tomava os poros do meu ser, que tímidos recolhiam-se ansiosos se rendendo à ti. Era assim quando arquejantes, meus olhos fracos lutavam heróicos na tarefa árdua de não se fecharem (pois do ápice do amor as pálpebras pesadas procuravam ternura, por isso pousavam calmas e desobedientes no teu peito).
Pois agora cala-te, guarda tuas palavras de amor que já não passeiam mais por minha mente enfadada, nem me arcam risos inatos de bocejos solitários na cama de solteira.
Leva embora o teu capricho de ainda desejar.
Leva a ingênua ânsia de voar descalço no céu da minha alma, agora fria.
Teus passos brandos e sorrateiros calejaram, pisando forte nos pontos calculistas daquele meu relógio frívolo...
É que o teu amor morreu no tempo da minha paciência.