sábado, 8 de novembro de 2008

saideira (de março)

Sabes o que eu faço com o teu amor?
Pois o dispo com olhares serventes e mal comportados que se espalham,
livram-se do castigo de não te sentir e cansados, acabam por se cerrar.
Sou alheia às tuas cenas sôfregas de bebedeira.
Lembro-me de todo aquele "quase" e de quando pintei-me do medo de nunca mais,
que talvez por isso veio em mãos, em cachos, remoendo-me de rancor.
Achas mesmo que com teus lábios tu beijas minha alma?
Tu tocas apenas o meu corpo hirto!
Já não finjo mais quando deixo-me absorver pelos paradoxos absurdos que separam
o meu corpo do tino. Reajo ao teu hálito quente que comove minha nuca frígida
e ignorante aos teus murmúrios embriagados, e já que teus lábios por hora me satisfazem, consinto, te fitando com frieza e cansaço.
Admiro-me cínica quando pousas em mim tuas palavras de amor que de tão brandas e
tão ingênuas, me anulam e enxem meu peito de gelo e mágoa.
Assisto o teu dormir sereno, a boca entreaberta num riso idiota, satisfeito por morar
tão bem no meu desânimo.
Meus dedos livram-se de mim por essas linhas e parágrafos e quase lamentam
o quanto essa inércia me acalanta. E me corrói.

3 comentários:

Anônimo disse...

Camila, que bom que me achou por acaso! Assim pude te achar e ler seus lindos textos! Adorei sua prosa/poesia! Virei mais vezes! beijos!!!

cra disse...

exatamente

Gabriela Galvão disse...

Ei,

Gostei sobretudo da pior parte (a q me identifico).

(Às vzs ñ sei fazer elogios, mas esse eh um.)