quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

bege

olho vermelho de flash, maçãs podres de amor
o sangue não pára de pingar
e tudo é ainda vermelho, vermelho


sem foco e morno,
porque meu corpo esfriou de súbito
como acontece com os machos que tem asco,
e eu tesa estagnei intacta
extintor também vermelho, fez da chama fiasco azul.

- Prefiro respirar...

preciso há cinco meses, sete chaves, um ano só
triturar toda a doçura fúnebre que nunca jaz,
que nunca dorme,
torturando-me com agulhas fincadas
nos cantos que mais sinto dor:
olhos queimados, orgulho trêmulo.

a cara amedrontada de vingança
enfiada nas penas do teu travesseiro
sufoca um pouco pra morrer um pouco
mas daí volta brilhando como luz neon
fora de moda e triste
como é a nostalgia que agora eu abracei.

sei que os teus panos cheiram pútridos
dos líquidos da novidade
e não, não use perfumes,
não precisa mais lavar as mãos
porque agora gozo é só um instante quente
(e não é isso que me beija a alma)

capa de toureiro, sangue desse bicho
o céu escureceu e ficou preto sem nuvens
e o câncer sai tossido aos poucos da minha garganta
enquanto toda essa lama ainda continua bege.


(...)

2 comentários:

ana dundes disse...

Jesuis!
que força, que furia!

Lindo!

Unknown disse...

Sabe, ler poesia disfarçada de realidade assim, com cat power gritante aos ouvidos, me fez querer estar frente a uma janela feito essa daí da ilustração a assistir estranhos e suas dores passeando.

Só não sei bem o porquê.