terça-feira, 4 de novembro de 2008

carta de dois fôlegos.

A ti,
embrulho as minhas ternuras num pedaço de papel grená porque não sei fazer caprichos nem desenho muito bem não entendo de cores e acho feio marcar de batom o que me é tão limpo, até porque eu só quero que tu te lembres da minha boca enquanto tua em beijos secos que são dignos de palavras como "amor" que são tão lindas e tão desinteressantes (as palavras, não os beijos).
escrevo atenciosa o que há de mais sereno aonde exista mais candura o que é macio e azul porque são as besteiras mais doces que posso reunir agora e te entregar nesse papel amassado e virgem como são as minhas mãos escrevendo pela primeira vez uma carta de amor.
Amor amor amor:
Frizando assim porque aproveito do meu ímpeto de esquecimento do que eu realmente sou, uma hora dessas a lucidez já tá dormindo e o que existe é apenas tinta deslizando devaneios e eu não vou dar-me o luxo do convencional porque lembrei-me que mesmo se quisesse nem uso batom nem faço poesia então te beijo aqui de longe com os olhos fechados e aperto bem a boca
(pra ser bem ternura) e faço isso bem de longe pra não te acordar

na mesma hora em que eu respiro
e desanuviada
me lembro que não posso tocar-lhe as mãos
(mas talvez eu nem me importe tanto)
já que nem conheço quem tu és.

2 comentários:

Gusthavo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gusthavo disse...

acho que o primeiro comentário que fiz no seu blog foi algo como "artista". Ainda repetirei tal adjetivo infinitamente pra tentar te designar, Nuage