tag:blogger.com,1999:blog-28529105236926052862024-02-07T18:21:08.091-08:00ObservânciaCamila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.comBlogger27125tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-32149733514507102822011-06-29T13:42:00.000-07:002011-06-29T13:43:16.842-07:00pra relembrarComo não se dá falar de amor<br />sem Zuzu no travesseiro se<br />tem qualquer coisa viva caminhando ainda nas bordas desse vazio<br />como?<br />se a fome passeia pro meu peito com vontade de dormir<br />enxergando o mundo com os olhos remelentos de quem<br />deita às dez levanta às onze e dorme mais<br />Olha, <br />Dá pra ficar tonto, viu<br />como quem assistisse todo o tempo de três tantos<br />no minuto de um só <br />é<br />como não falar de amor sem falar de céu azul<br />(...)<br />Respira<br />daquele jeito cardíaco de onde se tomava copos gelados como ração para calibrar<br />E ia como se tiranizando todo o ritmo do meu sentido<br />E controlando meus volumes e <br />desafinando a minha vontade de contar de um <br />a dez e<br />Eu conto<br />Que bonito mesmo é dizer do amor de nuvem, <br />de pele escura,<br />e dos gomos de tangerina<br />que moram tão bem<br />no melhor sono que<br />existe <br />aqui ni mimCamila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-79487652362566956662010-08-18T16:35:00.000-07:002010-08-18T16:50:41.054-07:00Ferme la porteFerme la porte e eu<br />finjindo um sono até roncado<br />e falando de mim como se conhecesse de feras<br />abuso de escárnio e da minha voz<br />sangro de novo - e um passarinho<br />pousa inconveniente em tanto lamento<br />Tu n'es que mon passarinho<br />E eu arranco as unhas pra não te ferir<br />E por falta de coragem<br /> de um bom banho<br /> de dormir<br />Eu grito e me envergonho do grito<br />Choro e tomo raiva de choro<br />Mas como bicho isso parece surreal<br />Desmoronar sem querer, que seja<br />Et moi<br />que só eu não sou a gente<br />Eu posso só que me deixar<br />arderCamila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-92062627334132307922009-08-16T12:00:00.000-07:002009-08-16T12:07:20.686-07:00de suar.entre o molho e o ermo<br />eu vou me despejando assim<br />te sugando como um pano enxuto<br /><br />e mais um minuto<br />e eu te saudo<br />como ama seca<br />falhando os termos desse vai-e-vem<br /><br />(você<br />vem<br />e<br />vem)<br /><br />eu sufoco os olhos<br />eu pa ra gra fo<br />esse sereno<br /><br />e<br /><br />ré<br />é fuga mansa<br />(e é quando já estou sem juntas)<br />é fácil apenas se me<br />res pi rar<br />de infinito ou sem pausas<br />(são todas brandas como o meu sorriso-<br />verde - de jeito nenhum)<br /><br />aí você me olha polido<br />(e até sua tez dissimula o certo)<br />e então eu juro, vou me comportar:<br />eu aconselho,<br />eu cedo os lábios,<br />remeto a voz,<br />eu sorrio estridências;<br /><br />e conjuro a cobiça<br />e toda a beleza<br />do sussuro-gozo<br />nesse ombro seu.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-87364973280702213332009-08-04T05:10:00.000-07:002009-08-04T05:56:29.273-07:00das mamonas (e cabelos cacheados).Quando o menino deitar-se ao meu lado, já terei memorizado todo o tempo daquelas noites de sempre verão.<br />Ele perguntará sobre o suor e eu que nunca fui de suar tanto, enfatizarei com reclamos um calor exorbitante que eu jamais sentia, enterrada entre os cobertores de frio condicionado.<br />Da janela de dentro assistia a dança dos insetos na lamparina e lá em cima, na parte alta da casinha, confundia vagalumes com um disco-voador. O velho ria de mim e eu me zangava fácil, e ao lembrar disso, cantarei para o menino aquela canção sobre borboletas e frio, acentuando bem o sotaque sertanejo e lhe fazendo rir de mim um riso alto, me reticenciando curioso.<br />Os cachorros eram me dados feito recompensa e a cadela preta cresceu tão cheia de vontades quanto eu. Sorrindo, contaria do armazém de Catarino, onde eu ganhava pipocas e doces choramingados entre seus dedos de fumo enquanto ele, rabugento, grunhia agrados despercebidos ao lustrar a carabina e tentava me fazer medo com seu dente amarelo de ouro.<br />O menino nessa hora vai precisar fechar seus olhos, (já que do apartamento é tão difícil imaginar) pois um porco selvagem e cinza me seguia velozmente no terreno de Afonso (vinha em minha direção como alvo e hoje só posso imaginá-lo com presas enormes como predador). Eu após a fuga choraria descabelada, rogando pragas desafinadas sobre o animal, o meu velho, o café negro e todos aqueles bichos de pé.<br />O velho me colocava pacientemente a chacoalhar na carroceria do carro e o vento encaracolava as minhas raízes, como que para me fazer sossegar do choro que eu nem lembrava mais...<br />O menino, sobre o meu ombro, tomaria fôlego das minhas lembranças e eu guardaria aquele quintal pra outra noite, onde o homem que sumiu jamais se perdeu na mata, quando aquela pampa usada ainda não foi vendida, onde não se passaram mais dez anos daquele sereno verde meu.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-22174755820735084802009-05-18T16:23:00.000-07:002009-08-04T05:03:16.348-07:00monólogo de dois.Eu bem que deveria esquecer.<br />A mulher disse "você devia esquecer" e enquanto ela me desdenha, eu prefiro eufemizar tanto malogro. Eu não lembro tanta coisa assim, o "tac tac" da máquina já me é pouco familiar e palavras bonitas não significam tanto. Elas gostavam de palavras bonitas e eu aproveitava pra escrever entre suas saias e isso não faz tanto tempo assim (uns nove, dez anos, talvez) e na caixa de charutos ainda guardo poesia.<br />Eu poderia esquecer, mas prefiro praguejar contra os ônibus cheios, esse monte de cigarros, já faz um tempo que perdi minha caneta tinteiro e minhas insônias não me trazem inspiração.<br /><br />Eu não consigo dormir cedo e a mulher logo apaga a luminária e se esconde entre as cobertas enquanto franze sua testa e beija a minha.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-9980077328270601772009-03-15T18:00:00.000-07:002009-03-15T18:04:20.545-07:00...porque eu não sou pudica.não consertei toda a bagunça dessa última noite. não alinhei os panos,<br />continuam perdidos denotando toda essa vontade que não quer nunca sossegar.<br />o quarto ficou preso e eu me deitei sozinha com o seu gosto em cada pedacinho do meu corpo, e eu podia até sentir seu cheiro forte se fechasse os olhos. <br />"minha vez, deixa?" e você me diz um não bonito quando aumenta o ritmo do jeito que eu gosto. "isso...".<br />são duas, três e uma e meia da manhã e eu nunca fico vulnerável nua, as suas mãos sabem exatamente os pontos que você chama de macios, mas é você que é tão suave com toda a fúria desses dedos fortes. todos meus.<br />as minhas mãos só pensam despudor e ontem o gosto não era mesmo de cerveja, nem de tabaco e eu te vendo assim por cima e te abraçando as pernas ("muito") pra te eternizar. como eu suo!<br />tenho pensado que é por isso que uso tantas saias e vestidos fáceis, é que o meu corpo não quer resistir ao seu, por isso eu puxo os seus cabelos e te sussurro essas malícias.<br />nem salso nem doce... quente, bom.<br />(...)Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-20147684608128850182009-02-18T22:36:00.000-08:002009-02-19T08:38:28.645-08:00malcriada!não é boa companhia hoje. madrugada 3:17.<br />os dedos são vermelhos, de quê será?<br />os olhos ardendo é de febre, as pernas encolhidas (talvez seja o frio)<br />como pesa uma cabeça quente, gente!<br />(e essa nuca sem vontade de dormir...)<br /><br />(eu amo)<br /><br />não há firmeza na minha caneta, nem no meu juízo<br />a felicidade me roubou a poesia,<br />e agora só me resta reclamar e reclamar e reclamar:<br /><br />não gosto que me chame desse jeito,<br />nem quando morde forte assim,<br />não gosto desse negrito inútil mastigando essas palavras<br />e detesto deletar escrachos por considerar<br />cê cedilha ou ésse, te ofender assim<br />inútil!<br /><br />(eu minto)<br /><br />as minhas mãos são calmas e eu tô doentinha<br />mas veneno há, veneno há<br /><br />é porque nessa noite<br />a palavra mais bonita <br />desse mundo<br />é não.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-18889808609874096962009-02-12T10:01:00.000-08:002009-02-12T10:09:20.333-08:00Camila"No meio da noite, tremenda euforia<br />meu canto rasgava, solidão me batia<br />cantava e cantava e Camila dormia<br />num canto da casa um pingo batia<br />queria ter asa, o amor me comia<br />rezava e fumava e Camila dormia<br /><br />Camila morena, enquanto tu dormes,<br />eu brinco com acordes,<br />eu ouço mil vozes<br />será que me chega alguém que partiu?<br /><br />Camila pequena minha flor de maio,<br />tomara eu me cure de toda ausência<br />tomara eu não viva por conveniência<br />tomara eu não morra veloz como um raio<br /><br />Agora amanhece, o sol se inicia<br />eu olho pra sala, a casa vazia<br />enquanto acordavas, meu corpo dormia<br />lá longe bem sei que a Camila sorria<br /><br />...E Camila brincava, e Camila cantava<br />e Camila chorava e Camila orava,<br />enquanto fora dos meus elementos<br />minha alma voava e me desfazia..."<br /><br /><br /><br />(Letra de uma canção antiga e triste, feita por meu pai há dezoito anos atrás.)Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-82803552488275685272009-01-12T22:49:00.000-08:002009-01-12T22:52:37.695-08:00"franklin, my dear"Vai, meu amigo, isso logo vai passar.<br />E não é conselho, não é acalanto. É reza boa, presumida!<br />Aqui quem fala é meu tempo combinado ao martírio diário, o que pode te entender.<br />E eu digo que vai, vai passar sim, deixando o perfume da saudade no ar e te enxendo os pulmões de um câncer próspero, de febre. Dá pra sentir o sangue quente reclamar o amor vazio que existe só na sua vontade. (É só respirar)<br />Vontade deita a cabeça no travesseiro das suas insônias, não é? Pena que ela custa a dormir...<br />Pois eu te asseguro que ela vai embora e você vai sossegar, podendo arfar e aspirar sereno qualquer nova desilusão de gosto pérfido, adstrigente.<br /><span style="font-style:italic;">..Porque esse câncer, meu amigo,<br />esse câncer sim, é vida (...)</span>Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-54574344317759697322009-01-10T21:05:00.000-08:002009-01-11T07:17:21.182-08:00betânia, 252.Vi uma menina branquela cheia daquelas pintinhas escuras e grandes pela pele, acho bonito.<br />Ela tem cara de se chamar Joana, e eu não sei porquê, mas esse nome tem um som tão esquisito, parece um nome de porta aberta, de gosto ameno, como o sabor do sorvete de flocos do Luís, da casa ao lado.<br />Odeio flocos por causa disso! Aquele viado contribuiu para a minha preferência pelos extremos, quente-frio, sol-chuva, muito-pouco. Eu tocava a campainha da casa dele e me escondia atrás daquela kombi velha do vizinho rabujento de cabeça branca. Ele me delatou uma vez e o viado xingou uns nomes ridículos com aquela voz afeminada, e minha avó me disse que eu não tenho jeito não. Vai ver é por isso que eu odeio flocos. Além do que, não tem gosto de nada!<br />O viado me disse há dez anos que aquela mulher de cara magra era uma "quenga" e que os pêlos de suas partes de baixo são da mesma cor amarela que os seus cabelos, descoloridos com água oxigenada da padaria da esquina. Eu hoje me pergunto como é que ele sabia disso...<br />Um dia recebi elogios de todos eles e eu era bem novinha e não entendi os motivos de tanta comoção, mas eu catei uma vassoura da cozinha e gastei horas varrendo a rua enlameada. Eu não sei por que fiz isso, sabia que não, aquilo ali não fazia sentido algum e que daqui a pouco já estaria tudo sujo de novo, mas varri por horas e eles me motivavam, talvez sádicos ou mais estúpidos que eu.<br />Nessa mesma rua asfaltada, caí de pés descalços e os joelhos desprotegidos daquele chão tão quente e queria tanto impressionar que não segurei meu choro, porque doeu de verdade e sangrou um bocadinho e o menino que eu achava bonito me ajudou a levantar. (Dez anos depois e descobri que ele é um frouxo)<br />A Bilica era muito feia, mas os seios dela estão mais fartos e durinhos que os meus e agora o nome dela é Roseline, ela me trata com desprezo e brinca com o dono daquele bar.<br />O louco da rua ainda não morreu e o dono da padaria ainda é o mesmo, coitado. Nunca saiu dali.<br />Hoje em dia vira os olhos para as minhas nádegas e eu acho tudo muito engraçado, ele me olha pela câmera instalada acima do caixa e disfarça com aqueles óculos de armação de homem casado. Sem vergonha!<br />E eu não sei por que, mas prefiro os tempos da piscininha de mil litros.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-19072765723624858772009-01-09T18:55:00.000-08:002009-01-09T18:56:15.515-08:00namoradinho."Eu tive um sonho era bonito assim, e eu podia flutuar nos meus balões,<br />e era tudo colorido e tão macio, que até o chão da minha sala era feito de algodão..."<br />E eu acordei sorrindo, ultimamente ando sorrindo muito,<br />e é claro que eu sei o que se passa, oras.<br />sei principalmente nas horas que ele está do lado,<br />desbotando a minha cor rubra (como aconteceu com aquele peixe)<br />presente agora nas ressacas de ternura, de manhã cedo.<br />Queria mesmo ser daquele jeito doce,<br />mas sou tão despudorada que minhas maçãs não coram,<br />e o impulso é vida quando sai da minha garganta qualquer verdade estúpida,<br />e ele me olhando incrédulo 'é a coisa mais bonitinha que tem'.<br />Ele não entende de tintas, eu não sei nada de cores,<br />mas o peixinho é amarelo, o lápis é cinza-claro<br />e a pele dele com a minha é um contraste que eu adoro ver.<br />O carinho na nuca me comove e estamos ficando mal acostumados,<br />com a irresponsabilidade segurando nossas mãos<br />e ando tão boba que quase acredito quando ele diz que sou tão linda.<br />A culpa é dele, por essa calmaria que logo vai virar saudade,<br />essa pieguice estranha e a prolixidade branda me impedindo um desfecho breve,<br />mas é que todo esse meu riso jamais caberia num papel de halls.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-55594834570595100062008-12-10T14:05:00.000-08:002009-12-15T18:12:07.998-08:00bege<span style="font-style:italic;">olho vermelho de flash, maçãs podres de amor<br />o sangue não pára de pingar<br />e tudo é ainda vermelho, vermelho</span><br /><br />sem foco e morno,<br />porque meu corpo esfriou de súbito<br />como acontece com os machos que tem asco,<br />e eu tesa estagnei intacta<br />extintor também vermelho, fez da chama fiasco azul.<br /><br />- Prefiro respirar...<br /><br />preciso há cinco meses, sete chaves, um ano só<br />triturar toda a doçura fúnebre que nunca jaz,<br />que nunca dorme,<br />torturando-me com agulhas fincadas<br />nos cantos que mais sinto dor:<br />olhos queimados, orgulho trêmulo.<br /><br />a cara amedrontada de vingança<br />enfiada nas penas do teu travesseiro<br />sufoca um pouco pra morrer um pouco<br />mas daí volta brilhando como luz neon<br />fora de moda e triste<br />como é a nostalgia que agora eu abracei.<br /><br />sei que os teus panos cheiram pútridos<br />dos líquidos da novidade<br />e não, não use perfumes,<br />não precisa mais lavar as mãos<br />porque agora gozo é só um instante quente<br />(e não é isso que me beija a alma)<br /><br /><span style="font-style:italic;">capa de toureiro, sangue desse bicho<br />o céu escureceu e ficou preto sem nuvens<br />e o câncer sai tossido aos poucos da minha garganta<br />enquanto toda essa lama ainda continua bege.</span><br /><br />(...)Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-77799868397234982882008-12-10T13:38:00.000-08:002008-12-10T14:28:12.691-08:00mein mongenstern. (II)Eu sempre soube que ela gosta de sofrer.<br />Gene dominante, quase externo, por isso somos ela e eu.<br />E damos as mãos.<br />As dela são tão macias de displicente cuidado. Ela não usa cremes caros, quase não trata as unhas nem as colore com esmaltes chamativos, limitando-as a tons sempre parecidíssimos de cintilante mediano e branco. Mãos de quarenta e um anos.<br />As minhas não são bonitas.<br />Mastigo as bordas das minhas carnes, tirando as cutículas e sangue,e por conveniência ou ansiedade, quase nunca uso esmaltes pra não ter que me enfeitar.<br />A destra sempre segura meus apoios e é a que mais se arrisca a cheiros fortes de tabaco e vida. A canhota é limpa e não me serve.<br /><br />A minha mãe não deveria afagar-me, nem beijar minhas maçãs; Não me sinto digna das suas insônias nem de sua ternura mais enrugada e macia que as minhas mãos estúpidas, de dedos tortos.<br />(Mas ela gosta de sofrer...)<br /><br />Os meus olhos estão vermelhos de cansaço e esperança, porque são duas da manhã e eu ainda penso inutilidades calejadas enquanto ela dorme ali tranquila porque eu já cheguei da rua e agora está tudo muito bem.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-59407415672917406742008-12-09T14:38:00.001-08:002008-12-10T14:04:51.530-08:00monólogo do papel crepomTu devias relevar os meus impulsos, meu amor.<br />Eu furtiva não funciono. Sempre me dôo mais do que prometo;<br />Me desgasto e quase te esqueço quando sinto outros cheiros e outras mãos, me perdoando logo em seguida quando percebo que nessas horas é tu que não te lembras de mim.<br />(A culpa é tua!)<br />Há meses grito com o espelho do banheiro palavras de boca machucada de frio; Rasgo os meus verbos, meu versos, meus lábios, pra ver se te enxergo de olhos fechados, costurando minhas feridas com um esforço suave, apesar de cálido, como num blues de pesar, de se abraçar às pernas. (As palavras são tuas!)<br />Os homens tem cheiro de homens, mas eu só penso no teu cheiro de céu, que se acostumou tão bem à minha pele que de vez em quando me acarinha os pontos, passeando equilibrado, como tu fazia antes pelas minhas linhas. (A culpa é tão minha...)<br />Eu sou tão nova e poderia me criar, mas não quero.<br />Tu podias tanto relevar...<br />Já faz um ano que tu moras no meu ego, no meu fôlego, nos meus dedos e poros.<br />Então vai, troca as cores dos teus lençóis, enxuga as suas mãos bonitas, me toca um verso de uma nota só...<br /><br /><span style="font-style:italic;">...Dezembro é ainda primavera, meu amor.</span>Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-55324844213898708352008-11-08T17:43:00.000-08:002008-11-08T17:50:02.165-08:00saideira (de março)Sabes o que eu faço com o teu amor?
<br />Pois o dispo com olhares serventes e mal comportados que se espalham,
<br />livram-se do castigo de não te sentir e cansados, acabam por se cerrar.
<br />Sou alheia às tuas cenas sôfregas de bebedeira.
<br />Lembro-me de todo aquele "quase" e de quando pintei-me do medo de nunca mais,
<br />que talvez por isso veio em mãos, em cachos, remoendo-me de rancor.
<br />Achas mesmo que com teus lábios tu beijas minha alma?
<br />Tu tocas apenas o meu corpo hirto!
<br />Já não finjo mais quando deixo-me absorver pelos paradoxos absurdos que separam
<br />o meu corpo do tino. Reajo ao teu hálito quente que comove minha nuca frígida
<br />e ignorante aos teus murmúrios embriagados, e já que teus lábios por hora me satisfazem, consinto, te fitando com frieza e cansaço.
<br />Admiro-me cínica quando pousas em mim tuas palavras de amor que de tão brandas e
<br />tão ingênuas, me anulam e enxem meu peito de gelo e mágoa.
<br />Assisto o teu dormir sereno, a boca entreaberta num riso idiota, satisfeito por morar
<br />tão bem no meu desânimo.
<br />Meus dedos livram-se de mim por essas linhas e parágrafos e quase lamentam
<br />o quanto essa inércia me acalanta. E me corrói.
<br />Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-78965293840519896132008-11-04T14:08:00.000-08:002008-12-15T10:01:46.197-08:00carta de dois fôlegos.A ti,<br />embrulho as minhas ternuras num pedaço de papel grená porque não sei fazer caprichos nem desenho muito bem não entendo de cores e acho feio marcar de batom o que me é tão limpo, até porque eu só quero que tu te lembres da minha boca enquanto tua em beijos secos que são dignos de palavras como "amor" que são tão lindas e tão desinteressantes (as palavras, não os beijos).<br />escrevo atenciosa o que há de mais sereno aonde exista mais candura o que é macio e azul porque são as besteiras mais doces que posso reunir agora e te entregar nesse papel amassado e virgem como são as minhas mãos escrevendo pela primeira vez uma carta de amor.<br />Amor amor amor:<br />Frizando assim porque aproveito do meu ímpeto de esquecimento do que eu realmente sou, uma hora dessas a lucidez já tá dormindo e o que existe é apenas tinta deslizando devaneios e eu não vou dar-me o luxo do convencional porque lembrei-me que mesmo se quisesse nem uso batom nem faço poesia então te beijo aqui de longe com os olhos fechados e aperto bem a boca<br />(pra ser bem ternura) e faço isso bem de longe pra não te acordar<br /><br />na mesma hora em que eu respiro<br />e desanuviada<br />me lembro que não posso tocar-lhe as mãos<br />(mas talvez eu nem me importe tanto)<br />já que nem conheço quem tu és.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-497060843428754292008-10-21T08:55:00.000-07:002008-10-21T08:56:07.507-07:00quando me vem o acalanto é quando me cria a compaixão.eu não poderia jamais afastar suas mãos dos meus cabelos,<br />sabendo que teu consolo precisa saber das minhas tristezas.<br />(eu posso até chorar pra que tu não percas tal cargo)<br />eu não posso sentir raiva de tua cor de ouro<br />(principalmente dela é que não posso sentir raiva),<br />não posso sequer exigir-lhe que te difiras de mim.<br />e aí quando tu me perguntares por que choro,<br />e quando eu invariávelmente disfarçar minha lucidez<br />(com meu gosto amaro de cerveja e tabaco)<br />portarei-me como a mais vil das pecadoras,<br />(das mais líricas pecadoras)<br />pra que tu me devores com seus olhos lilases<br />e transcreva toda a minha conduta rubra<br />para a sua candura fria<br />(de ciano e amarelo).Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-6252623583490442032008-10-14T08:09:00.000-07:002008-11-04T18:12:15.870-08:00sossega Daniel,<div> que em algum lugar, tu tens nome de anjo.<br />Em algum lugar tu lavas teus cabelos caracóis com seda e ouro e não te impregnas do cheiro de fumo.<br />Tuas unhas são brancas e não te coçam aflição de tristes culpas e tu provéns de boa memória para guardar os nomes de tantas morenas.<br />Tua vista é sempre limpa e ampla e tu podes tragar tuas dores sem paisagens que te distraiam (inclusive nos domingos que são dias de sol). Tu vais poder soluçar sem se importar de fazê-lo, na companhia de sua cachorra gorda de passos calmos e preocupados (Ela ainda será tua única amiga).<br />Tu podes ali, habitar de vez aquela lua cheia que te empresta isca, enchendo as têmporas de desperdício enquanto o teu membro pulsando sangue não invade as carnes de marias burras.<br />Em algum lugar tu descansas manso nos zeros dos teus vinte e tantos, mordendo o vazio no seu travesseiro e tentando chorar um pouco, pra ver se aduba tanta solidão.</div>Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-25178772140551179762008-09-19T17:12:00.000-07:002008-12-10T13:59:38.203-08:00joana rosaDe início, quando olhei-a fixamente no rosto, não vi seu rosto armado em indiferença, nem apenas seu sorriso vermelho de deboche.<br />Vi beleza num semblante de vinte e poucos anos, contrastando com o inchaço armado nos cantos mais frágeis de seus traços finos.<br />Teriam-na castigado por ser mulher e ser tão crua?<br />O desequilíbrio cresce no pranto da indiferença e a necessidade da agressão vem da impotência do toque.<br />Ele, fora do eixo, a chamara de covarde, confundido sua indiferença com imparcialidade. E ela, invariavelmente, não se impediu de sorrir(Ela, que por ironia, não chora).<br />Há muito, lastimou desamores, no tempo em que doava-se demais no medo da perda e dos nãos incertos que teimosa, resistia.<br />As lágrimas foram o primeiro direito que o homem tirou dela.<br />Logo depois vai o seu dinheiro, daqui a pouco depois levam seu amor. Levam seu tempo e seus encantos(Joana passa...)<br />Na rua, castiga-se apática, despreocupada em esconder hematomas fundos com óculos de sol.<br />Com o seu olhar, congelaria os mais feridos orgulhos, no mesmo instante em que repuldiava cínica a compaixão de tantos falsos moralistas.<br /><br />Ela não chora, mas também não ri.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-5489169246011462882008-07-31T12:25:00.000-07:002008-07-31T12:26:26.549-07:00guria.su<br />acalanto tal tierno<br />enfeita as cores que ela enxuga<br />cor de brilho, céu anil<br />meu afago<br />que é lenda<br />e que é linda<br />e que me lê<br />ela nem sabe, mas tem cheiro de mel.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-42238231723450456602008-07-27T16:46:00.000-07:002008-12-10T14:19:49.537-08:00no barro,eu escuto os teus soluços<br />ganidos<br />e assisto esse sismo<br />pequeno<br />eu não te protejo.<br />minhas mãos contornam o seu rosto<br />de longe<br />e eu não quero me molhar.<br />afasto os meus pés<br />saltito<br />e tu exalas a angústia da solidão<br />vazia<br />tu sujas meu sapato<br />preto<br />com gotas de lágrimas que não brilham.<br /><span style="font-style:italic;">cai, cai, cai.</span>Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-40116441822196564832008-07-26T22:30:00.000-07:002008-11-04T18:11:40.032-08:00mata-borrãodentro de mim existe<br />o fardo, a massa, o tóxico<br />que guarda descanso pras tuas mãos<br />(desde que estejam vazias.)<br />na fotografia te relembro os olhos<br />vidrados, inertes, brilhantes<br />enquanto te beijo o rosto<br />deslizando as cicatrizes<br />como um mapa<br />milimetricamente desenhado<br />aos meus dedos cálidos<br />aos meus poros ativos<br />na erupção do choro,<br />do riso, do êxtase<br />na firmeza crua<br />dessas mãos que não tem fim.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-8760046479675491802008-03-27T21:10:00.000-07:002008-07-27T16:53:31.970-07:00o temporal.Gritos de tempestade invadiam a noite limpa.<br />O vento frio dançava ríspido pelos seus cabelos, no momento em que mais um relâmpago riscava o céu escuro. Aurora deliciava-se ao contar os segundos antecedentes de uma resposta esbravejante de mais uma trovoada.<br />Era bonito de se ver tamanho contraste e desordem.<br />Observava pensativa o barulho da água lavando uniformemente o asfalto cinza e triste. Assistia o escorregar daquilo que parecia um pranto, descendo arrebatador pelas ladeiras vazias até chegar ao ralo.<br />Ela queria descer as escadas do prédio e lambuzar-se de chuva e riso.<br />Valsaria nas poças de lama. Deixaria as águas banharem seu rosto claro e invadirem em respingos o seu paladar. Ficaria assim até seus cabelos se encharcarem, suas mãos se engelharem e ela sentisse o gosto da chuva no céu da boca.<br />Satisfeita, subiria as escadas correndo, molhando os corredores com seus passos largos. Os cabelos negros cairiam alegres sobre a camiseta verde, colada no peito. Secaria os pés com vã cautela no tapete da sala, afim de que sua mãe não descobrisse a travessura e depois deleitaria-se na água quentinha do chuveiro, que tomaria poderoso todo o frio da sua pele.<br />Queria abraçar-se à toalha seca e assistir ao final da chuva, como se estivesse na platéia de um belo show.<br />Não o fez.<br />Sentiu com os dedos as gotinhas redondas que se formaram no vidro da janela. Juntas, escorregara,-se como lágrimas aborrecidas, tão inconformadas como Aurora também estava.<br />Havia perdido o espetáculo porque tem medo do trovão.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-33120247717622498322008-03-13T20:31:00.000-07:002008-11-04T18:11:53.865-08:00ritual.Recolho toda a tristeza antiga que ainda me resta e me atormenta.<br />Fito-me com olhos vermelhos que refrescam meu rosto refletido no espelho sujo. Escolho o ângulo em que me sinto mais bela, e tal beleza distrai soluços pausados que se desinxam baixinhos afim de não me condenarem.<br />Grito desamores mudos por entre versos de edredon. Quero molhar todo o meu corpo de lágrimas e quem sabe assim secar minha alma, mas o pranto foi-se embora saciado. Me alivia.<br />Abraço minhas pernas e escondo meu rosto nos cabelos curtos, os sempre reféns de meus subterfúgios. Não me acalentam mais, e pouco aquecem minha nuca, acostumada com tais revoluções aflitas.<br />Visto meus ombros claros de menina-moça que não vi crescer, como se o tempo escorregasse arredio pelos meus dedos tortos, cedendo rastros de memória à minha escrita densa.<br />Beijo meus lábios refletidos, inchados de pranto e de um vermelho doce. Meus olhos roucos me sussurram o canto da ciranda triste que não danço mais.<br />Tenho dezoito anos de idade e não caibo mais em mim.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2852910523692605286.post-1512492985667362372008-02-28T17:01:00.000-08:002008-07-27T16:54:00.989-07:00preliminar.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtkL4CclTgtDdorgypQaAWIL0UgqDCAWj6EWzYb2O8yU7ifZs8Y6hHkz70C0CQOSLVZktgZ_RRMjmoI7iGL55_43zZdQQ8OHkguR2FCd9tMOZdRT9VJuYlBI7uSButFl_9VyHPnd_VLoGI/s1600-h/P2200101.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtkL4CclTgtDdorgypQaAWIL0UgqDCAWj6EWzYb2O8yU7ifZs8Y6hHkz70C0CQOSLVZktgZ_RRMjmoI7iGL55_43zZdQQ8OHkguR2FCd9tMOZdRT9VJuYlBI7uSButFl_9VyHPnd_VLoGI/s200/P2200101.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5172205418779884146" border="0" /></a><br />O teu sim passeia no meu não salgado:<br />Virou candura.<br />Tropeça na garganta ávida,<br />Risca a voz, atropela o pranto<br />É limiar e paciente, e ensaiado e sorrateiro<br />Mas repetiu-se tanto<br />Que logo virou refrão.<br />Assombrou e embaraçou<br />Os fios da minha voz gelada<br />Calejada, que no escuro<br />Confundiu-se muda em vão.<br />Agora em mim teu sim espalha<br />Comove-me por minuto,<br />Depois pérfido e astuto,<br />Contradiz-me e condena<br />Que o positivismo ralo<br />De tão frágil é fantasia.<br />Por isso, pro meu destino,<br />Decido por fim o não.Camila M.http://www.blogger.com/profile/03235191924464461029noreply@blogger.com3