segunda-feira, 18 de maio de 2009

monólogo de dois.

Eu bem que deveria esquecer.
A mulher disse "você devia esquecer" e enquanto ela me desdenha, eu prefiro eufemizar tanto malogro. Eu não lembro tanta coisa assim, o "tac tac" da máquina já me é pouco familiar e palavras bonitas não significam tanto. Elas gostavam de palavras bonitas e eu aproveitava pra escrever entre suas saias e isso não faz tanto tempo assim (uns nove, dez anos, talvez) e na caixa de charutos ainda guardo poesia.
Eu poderia esquecer, mas prefiro praguejar contra os ônibus cheios, esse monte de cigarros, já faz um tempo que perdi minha caneta tinteiro e minhas insônias não me trazem inspiração.

Eu não consigo dormir cedo e a mulher logo apaga a luminária e se esconde entre as cobertas enquanto franze sua testa e beija a minha.

6 comentários:

patricia mc quade disse...

e esses fragmentos de memória,
podem ser ordenados de ene formas diferente.
podem evitar ou provocar novos enganos, novos sonos e sonhos.

uma colecionadora de poesias é vc.
e de palavras
e de fonemas
e de música
e de mistérios.

gostei demais!
talvez vc não saiba, mas sempre passo por aqui.
desde o dia em que te conheci.
bj

Hélio disse...

Você escreve bem. Eu sei certinho onde você e onde o Gusthavo escreveram. :)

Natacha disse...

Já li esse texto lá com o Gusthavo, mas fico boba em nova leitura então nada mais justo do que também aqui deixar o registro da minha inveja!
hehehe

Esse finalzinho diferente me provoca outras sensações e eu acho tudo muito diferente no bom sentido, é claro.

camilla pieszecki disse...

Adoreeeei (:

Sharlon disse...

Observações bem colocadas (:

Mayke disse...

muito bom.